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Como Elaborar Projetos de Lei Municipais com Segurança Jurídica e Efetividade: Guia Estratégico para Vereadores (2025–2028)

  • Foto do escritor: Bruno Antoninus
    Bruno Antoninus
  • 29 de set.
  • 3 min de leitura

Introdução


A nova legislatura municipal (2025–2028) chega com desafios crescentes: maior rigor técnico, exigências fiscais rígidas e o escrutínio constante da sociedade. Para os vereadores, propor um Projeto de Lei (PL) não é apenas um ato político, mas também um exercício jurídico altamente controlado.

É nesse contexto que a Apolegis apresenta diretrizes práticas baseadas na Legística, na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e na Lei Complementar nº 95/98. O objetivo é claro: fornecer ferramentas para que cada vereador atue com segurança normativa, evitando vícios de iniciativa, vetos e inconstitucionalidades.


Como Elaborar Projetos de Lei Municipais com Segurança Jurídica e Efetividade: Guia Estratégico para Vereadores (2025–2028)
Como Elaborar Projetos de Lei Municipais com Segurança Jurídica e Efetividade: Guia Estratégico para Vereadores (2025–2028)


A Base da Legística: Como Fazer Leis com Qualidade


A Legística é a disciplina que ensina a fazer leis com método, clareza e coerência. Isso significa que cada PL precisa de:

  • Planejamento: identificar objetivos, impactos e custos.

  • Coerência normativa: respeitar a Constituição Federal, a Constituição Estadual e a Lei Orgânica do Município.

  • Técnica redacional: cumprir a LC 95/98, que padroniza a redação das leis em todo o país.

Em resumo, não basta ter boa intenção política. A qualidade da lei depende da adesão a regras claras e universais de técnica legislativa.


A Estrutura Formal de um Projeto de Lei


A LC nº 95/98 determina que cada lei tenha três partes fundamentais:

  1. Parte Preliminar: Epígrafe, ementa e enunciado do objeto.

    • A ementa deve ser concisa e tratar de um único tema.

  2. Parte Normativa:

    • Artigos numerados corretamente (Art. 1º até Art. 9º em ordinal; a partir do Art. 10 em cardinal).

    • Uso de parágrafos (§), incisos (I, II, III), alíneas (a, b, c) e itens (1, 2, 3).

  3. Parte Final:

    • Cláusula de vigência (quando a lei entra em vigor).

    • Cláusula de revogação (quais leis deixam de valer).

Essa padronização é obrigatória para evitar confusão interpretativa e garantir clareza jurídica.


O Limite Constitucional: Evitar o Vício de Iniciativa


O maior risco de um PL municipal é o vício de iniciativa. Isso ocorre quando o vereador legisla sobre matérias que são de iniciativa privativa do Prefeito, como:

  • Criação ou alteração de órgãos da administração pública.

  • Criação ou extinção de cargos e funções.

  • Questões orçamentárias (PPA, LDO, LOA).


Nesses casos, a proposta será rejeitada ou considerada inconstitucional. A solução? Usar Indicações Legislativas, que são sugestões ao Executivo, sem invadir suas prerrogativas.


A Responsabilidade Fiscal: Obstáculo e Garantia


Desde a Lei de Responsabilidade Fiscal (LC nº 101/2000), todo projeto que crie ou aumente despesas precisa de:

  • Estimativa de Impacto Orçamentário-Financeiro (EIOF): previsão de custos para o exercício vigente e os dois seguintes.

  • Declaração do Ordenador de Despesa (Prefeito ou Presidente da Câmara): certificando adequação à LOA e compatibilidade com PPA e LDO.

  • Respeito ao limite de gastos com pessoal: o Legislativo não pode ultrapassar 6% da Receita Corrente Líquida.

Sem esses documentos, o projeto não avança nas comissões.


O Papel das Comissões Permanentes


Duas comissões são decisivas:

  • CCJ (Constituição, Justiça e Redação): analisa legalidade, constitucionalidade e técnica legislativa.

  • CFO (Finanças e Orçamento): examina impacto financeiro e compatibilidade com o orçamento.


A estratégia vencedora é submeter o PL previamente à Assessoria Jurídica ou Redação Legislativa da Câmara antes do protocolo. Isso transforma a tramitação em uma ratificação técnica, e não em um campo de correções.


Da Sanção à Efetividade


Após a aprovação, o PL ainda passa pelo crivo do Executivo:

  • Sanção: concordância do Prefeito.

  • Veto: total ou parcial, por razões jurídicas ou políticas.

  • Promulgação: ato final que transforma o PL em lei.

O histórico mostra que muitos vetos ocorrem por falhas técnicas evitáveis. Por isso, investir em qualidade normativa é a melhor forma de blindar os projetos.


Recomendações Estratégicas para 2025


  1. Pré-análise jurídica sistemática: consulte a Assessoria Legislativa antes de protocolar.

  2. Respeito à iniciativa privativa: use Indicações Legislativas quando o tema for da alçada do Executivo.

  3. Justificativa robusta: demonstre relevância, legalidade e viabilidade fiscal já no texto inicial.

  4. Capacitação contínua: participe das Escolas do Legislativo e mantenha a equipe atualizada.



O vereador que dominar as regras da Legística, respeitar os limites constitucionais e antecipar as exigências fiscais terá maior efetividade em seu mandato. O Legislativo Municipal precisa ser, ao mesmo tempo, político e técnico.


A Apolegis se coloca como parceira estratégica para apoiar vereadores e equipes no fortalecimento da produção legislativa, garantindo que o mandato 2025–2028 seja marcado por projetos consistentes, eficazes e juridicamente sólidos.

 
 
 

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